Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor mas ... permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais. Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo.
Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sózinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. (Então fique comigo quando eu chorar, combinado?). Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar as vezes, mesmo na sua idade.
Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.
Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca... Goste de música e de sexo, goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua familia... isso a gente vê depois... se calhar...
Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredo... me faça massagem nas costas. Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções. Me rapte! Se nada disso funcionar... experimente me amar!

Martha Medeiros


Ps: Pessoas lindas, primeiramente quero agradecer a todos que passam por aqui e deixam um pouquinho de si. Por várias vezes tentei escrever, mas a inspiração não foi suficiente. As ultimas semanas foram muito turbulentas, muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo e minha cabeça (lê-se coração) anda tão confusa que eu já não sei o que fazer. Prometo voltar em breve, assim que as coisas se resolverem. Ou não.
Certa vez, um grande amigo filósofo deparando-se com a delicada situação em que eu me encontrava, escreveu-me algumas palavras de conforto. Palavras singelas no qual me tocaram profundamente. Ainda guardo aquele pedacinho de papel dentro de minha agenda, não me canso de ler.




Deve-se sempre olhar para dentro e achar os princípios e valores que a formem como um ser divino.
Caso ache essa força, perceberá que não precisará apoiar-se em ninguém, exceto seu coração e seu livre pensamento.
Como dizia Nietzsche: “Devemos buscar nos tornar espíritos livres”.
O coração é o recanto dos sonhadores, é o templo de perfumes orientais e, por isso, sua porta não deve ser aberta a quem não merecer tal dádiva. Mantenha o doce sabor de seu fruto até que alguém digno o colha...

Leonardo Turazza em 03/09/2007.
Se eu soubesse...
Não teria virado naquele corredor,
Não subiria as escadas,
Não cruzaria com teus olhos,
A sorrir aos meus.

O tempo vai, se dissolve.
Das lembranças, nada restou.
Apenas as materiais.
Juntaram-se uma a uma,
Tornando mil pedaços,
Seu rosto enrustido.
Ao meu coração partido.

Se você soubesse...
Não teria perguntado,
Não chegaria perto,
A poder sentir o doce,
E quente perfume.
Que outrora lhe dominou,
Os sentidos, fascinou-te.

De mãos atadas fiquei.
Ao vê-lo caminhar,
Em direção oposta,
Sem deixar rastos.
Ao sentir as paredes inacabadas,
Ainda em tijolo cru,
Desabarem sobre os sonhos.
Que pareciam não ter fim.

Se soubéssemos...
Não teríamos ido por aquela rua,
Que estranho! Não era o seu caminho.
Eu sim, por lá seguia em meus dias
Mãos suadas na inquietude,
Das palpitantes batidas,
Vindas do peito.
Soavam alto.

Se soubéssemos...
No carnaval não teria começado,
Na primavera não teria se firmado,
Para no Inverno ultimar.
Entre palavras doces, flores e lágrimas.
Nada restou.
Apenas flores estraçalhadas,
Lágrimas frias, doentes de dor.
Palavras ditas pela boca.
Perderam-se no ar.

Se eu soubesse...
Tais signos não seriam escritos.
Se você soubesse...
Teria ficado lá.
Naquele mesmo corredor.
Ah, se soubéssemos...
Jamais ousaríamos,
Naquele instante.
Olhar-nos.